Esta expedição teve o apoio de:

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quarta-feira, 6 de maio de 2009

A logística da expedição


Diferente de uma escalada em rocha, a escalada em alta montanha (ou no gelo) exige uma logística (ou planejamento) bastante complexa. Talvez este seja um dos aspectos mais importantes para o sucesso de uma expedição, além do preparo físico e psicológico dos seus integrantes. Uma vez escolhido o objetivo e definida a equipe, é preciso cuidar de inúmeros detalhes. Podemos subdividir a logística em cronograma, transporte, alimentação e equipamento.

Devemos detalhar o cronograma de acordo com os objetivos escolhidos, definindo as tarefas para cada dia da expedição. Geralmente os primeiros dias são reservados para a viagem até a cidade que servirá de apoio para a expedição, para a compra de comida e para contratar os serviços de transporte até a base das montanhas a serem escaladas. A proxima fase consiste na aclimatação, onde os membros da expedição permanecem por alguns dias em um acampamento base para se acostumar com os efeitos da altitude. Nessa fase geralmente são escalados picos de menor altitude e tecnicamente mais fáceis, para melhorar a aclimatação. Quando a equipe se sente bem aclimatada, ela pode mover o seu acampamento para a base de outra montanha, com picos mais elevados. As vezes torna-se necessário voltar à cidade para reabastecer de comida ou para descansar depois de uma investida mais cansativa. Nesta expedição pretendemos usar a cidade de Huaraz (3090 m) como apoio e fazer a aclimatação no campo base do Ishinca (4350 m) e escalar o Urus (5495 m) e o Ishinca (5530 m). Depois planejamos escalar o Pisco (5760 m), o Copa (6188 m) e o Chopicalqui (6354). Geralmente reservamos alguns dias para reajustar o cronograma em caso de tempo ruim. Para cumprir esses objetivos teremos um período de 23 dias (de 27/6 a 19/7).

Como para nós brasileiros a escalada em alta montanha ocorre em locais distantes, ou melhor, em outros países, a logística do transporte começa com a escolha do meio de transporte até a cidade de apoio. No nosso caso optamos por ir de avião até Lima e de ônibus até Huaraz. Como o preço da passagem aérea tente a subir a medida que nos aproximamos da data da viagem, procuramos comprar as passagens com bastante antecedência (março). Para ganhar tempo vamos direto para Huaraz, ou seja, chegamos a tarde em Lima e pegamos o ônibus a note para Huaraz, chegando lá na manhã seguinte.
O transporte de Huaraz até a base das montanhas, onde começam as trilhas, geralmente é feito em vans, contratadas facilmente perto da ponte, onde elas ficam paradas. Uma boa prática é combinar um valor para a ida e para a volta, já deixando agendado o dia da volta. Outro coisa importante para ser contratada é o transporte de parte da carga (cerca de 20 kg por pessoa) através das mulas. Esse serviço existe em praticamente todas as montanhas e novamente deve-se combinar a ida e a volta. Pode-se contratar esse serviço em Huaraz ou já na montanha, porém pode acontecer de todas as mulas estarem reservadas.

A alimentação é uma parte importantíssima da logística, afinal temos que levar praticamente tudo o que vamos consumir para o campo base. Para reduzir o peso da bagagem no trajeto aéreo, levamos daqui poucas coisas, somente aquelas que não achamos lá, como proteina texturizada de soja, barras de proteina e maltodextrina. Compraremos em Huaraz praticamente tudo que vamos consumir na montanha. Devemos escolher uma dieta rica em carboidratos, de facil preparação e bastante apetitosa, já que um dos efeitos da altitude é a perda de apetite. Usamos um fogareiro de combustível líquido para cozinhar. Como combustível pode-se usar a benzina (benzina blanca) ou gasolina mesmo. Geralmente fazemos uma lista de compra, detalhando a quantidade de cada item, para não esquecer nada e para comprar a quantidade certa em função da quantidade de dias previstos na montanha.

O último aspecto da logística é o equipamento, sem dúvida nenhuma o mais importante. Basta faltar um coisa simples, como uma head lamp, para tornar levar a escalada ao fracasso (não poder iniciar a escalada ainda de noite). Devido a importancia do equipamento, fazemos um check-list para ter certeza que está tudo em ordem. Esta lista compreende o material de acampamento (barraca, isolante, saco de dormir, etc), de cozinha (fogareiro, panelas, pratos, talheres, garrafas, etc.), escalada (mochila, corda, cadeirinha, botas, crampons, piquetas, etc.), roupas (calças, blusas, casaco, anoraque, meias, gorros, etc) e farmácia (protetor solar, creme hidratante, remédios, etc). Vejam na foto acima o equipamento que foi usado em um dia de escalada na Bolívia em 2008.

Continuaremos em breve, comentando um pouco mais sobre esta fase de preparação da expedição!

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