Esta expedição teve o apoio de:

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sexta-feira, 17 de julho de 2009

Chopicalqui - O retorno



Acabei do voltar desta nova tentativa de chegar ao cume do Chopicalqui (6350 m). Em 2004 eu ja havia feito uma tentativa, tendo chegado ate o campo alto (5600 m), onde passei a noite sob uma tempestade terrivel. Na manha seguinte todos que estavam no campo alto foram obrigados a bater em retirada devido a quantidade de neve fresca acumulada durante a noite. Durante a descida eu ja pensava em voltar um dia para fazer uma nova tentativa.


Desta vez foi um pouco diferente. Novamente eu me juntei ao grupo de brasileiros, desta vez sem o Fred, que voltou para casa. Contratamos dois carregadores (porteadores) para nos ajudar a carregar todo o material de escalada. Saimos de Huaraz na terca de manha numa van, que nos legou ate o comeco da trilha. Assim que chegamos la comecou a chover. Ficamos esperando na van por mais de uma hora, mas a chuva nao passava e a van tinha que voltar para Huaraz. Comecamos a caminhar sob chuva, sem saber se iriamos somente ate o campo base (menos de 1 hora de caminhada) ou ate o campo morena (cerca de 5 horas). Como no campo base a chuva parou um pouco resolvemos subir ate o campo morena (4900 m). Mas logo depois voltou a chover e no meio da subida a chuva virou neve. Chegamos no campo morena no final da tarde, bem a tempo de montarmos as barracas e fazer algo para comer.


O dia seguinte amanheceu lindo, sem uma nuvem, mas muito frio. Esperamos o sol esquentar um pouco o acampamento, desmontamos tudo, nos equipamos e comecamos a subir o glaciar, rumo ao campo alto. Mais uma vez chegamos la no final da tarde e comecamos a dura tarefa de derreter neve para ter agua para beber e para cozinhar. Isso consome muito tempo e energia, pois a 5600 m qualquer tarefa cansa bastante. Acabamos conseguindo agua apenas para cozinhar e para passar a noite. Assim que o sol se escondeu atras das montanhas a temperatura caiu bruscamente. Ninguem arriscava a ficar fora das barracas. Foi uma noite dificil, muito fria e curta, pois combinamos de levantar a meia noite para escalar.


No dia seguinte tivemos que derreter mais neve para tomar cafe e levar agua na escalada. Isso sob uma temperatura de - 15 oC. Com isso acabamos saindo somente as 2 hs. Fomos subindo e logo encontamos bastante neve nao consolidada cobrindo a trilha. Isso dificulta bastante a escalada. Na vespera, quando estavamos subindo para o campo alto, encontramos alguns escaladores descendo e eles nos contaram qua nao haviam feito o cume pois havia neve ate o joelho (eles chegaram ate 5800 m). Mesmo assim fomos avancando, gracas ao esforco do Francis, que ia na frente abrindo o caminho. Realmente encontamos neve ate o joelho, depois do ponto onde onde outros escaladores tinham chegado. Insistimos ate o lugar conhecido como ombro, um lugar um pouco mais plano antes da piramide do cume, a 6200 m. Chegamos neste ponto as 7 hs, com o dia nascendo, mas ainda fazendo muito frio (com o vento a sensacao termica eh mais baixa ainda). Fizemos uma avaliacao da situacao e resolvemos desistir de ir ate o cume, apesar de estarmos tao perto. A parte final da escalada eh mais inclinada e mais dificil em condicoes normais. Com a quantidade de neve nao consolidada ela se torna mais perigosa. Foi uma decisao dificil, mas a montanha contuara la e sempre poderemos voltar para fazer uma nova tentativa.


Comecamos a descer rapidamente, pois o frio estava nos consumindo. A descida ate o campo alto foi bem cansativa devido a quantidade de neve. No campo alto fizemos um lanche, desmontamos tudo e comecamos a descer para o campo morena. Chegando la tomamos a desicao de continuar descendo ate o campo base e ate a estrada, na tentativa de encontrar um trasporte que nos levasse ate Huaraz naquele dia mesmo. Pode parecer loucura descer direto do cume (ou perto dele) ate a estrada, mas a ideia de dormir numa cama, depois de um bom banho e de uma pizza, nos faz tomar esse tipo de decisao. A descida foi realmente exaustiva. Eu cheguei na estrada literalmente acabado. Felizmente passou uma van que ia ate Yungay, onde tomamos um taxi ate Huaraz. Mais uma vez fomos na pizzaria Rotonda para comemorar, nao o cume mas a montanha.

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